PROFESSOR CUIDANTE

PROJETO PROFESSOR CUIDANTE

Para vivenciar nas escolas em 2014. Sem fé e ousadia não se faz mudança.

Apresentação
Este é um projeto para ser vivenciado na escola como forma de fortalecimento da interação escola-comunidade e como meio para facilitar o conhecimento da realidade social que repercute no processo do ensino-aprendizagem.
Justificativa
As teorias pedagógicas atuais são unânimes em reconhecer a importância da realidade social do educando na aprendizagem, tanto na dimensão psicossocial deste como na escolha dos saberes e conhecimentos que podem resultar em temas para o trabalho escolar. Essas teorias destacam a importância das relações que ocorrem no modo de viver comunitário, familiar, para o ensino, devido ao caráter destas relações, fortemente condicionantes de atitudes e comportamentos humanos. E, no universo das relações, destaca-se a relação afetiva, atualmente considerada fundamental no processo de aprendizagem e na formação do caráter.
Não é incomum o fato de que a ausência de relações afetivas que aproximem solidariamente alunos e demais da comunidade levam ao desinteresse e até ao abandono dos estudos, além de promoverem atitudes de indiferença ou de aversão com relação à humanidade e à vida. Assim, este projeto justifica-se como proposta para superar esse desafio da desumanização e da desvalorização da Vida.
Problema
O trabalho escolar tende a melhorar em qualidade quando melhor se conhece os fatores que constituem ou influenciam o ambiente educativo. E também quando se percebe que muitos desses fatores são gerados e desenvolvidos na vida do educando fora do ambiente escolar. Atualmente muitas escolas no Amapá, principalmente aquelas que pertencem à rede pública estadual, não têm agido para avançar num conhecimento mais profundo da realidade do seu entorno. Assim, deixam de direcionar, de forma mais efetiva, estratégias e recursos à sua disposição para alcançar os objetivos do ensino a que se propõem.
Um dos problemas que atualmente afetam a escola e que está presente nessa realidade, diz respeito à afetividade. E o tratamento que, de modo geral, se tem dado a ela, leva a resultados escolares frustrantes e a consequências pessoais traumáticas. Isso é consequência do deslocamento da afetividade para uma posição de não tão importante no processo educacional escolar. Mesmo quando se faz o discurso de sua importância, na prática o que se verifica é o oposto. As relações são autoritárias e hierárquicas, resultando em alunos passivos, obedientes ou em rebeldes e inconsequentes. Nenhum desses tipos pessoa está à altura de uma comunidade inclusiva, solidária, que respeite a diversidade e que cuide do meio ambiente.
A importância da afetividade nas relações escolares educativas, pela importância muitas vezes decisiva para as relações na aprendizagem, sem dúvida merece atenção da gestão escolar. O conhecimento da vida social das pessoas envolvidas nesse processo – alunos, pais, servidores – facilita a promoção da autoestima, da empatia, da solidariedade, o apoio e a compreensão, tendendo a melhorar o ambiente escolar, repercutindo também de modo positivo no ambiente familiar e comunitário.
 Objetivos Gerais do projeto
- Avançar na qualidade do ensino público;
- Fortalecer a educação integral da pessoa
- Promover na rede escolar estadual do Amapá o desenvolvimento do conhecimento, da qualidade da ação pedagógica e da capacidade de intervenção com sabedoria nos desafios educativos.
Objetivos específicos do projeto
- Identificar fenômenos de ordem cognitiva, social, de saúde, afetiva, gerados e/ou desenvolvidos além do ambiente escolar, que repercutem (comprometem, dificultam, fortalecem, facilitam) na aprendizagem dos educandos;
- Orientar ações pedagógicas que reduzam progressivamente os problemas verficados e que fortaleçam práticas solidárias e cuidantes da vida, melhorando a aprendizagem e a formação integral do educando;
- Possibilitar aos docentes e demais educadores da escola uma reflexão mais aproximada e entrelaçada com a realidade concreta dos educandos.
Desenvolvimento do projeto na escola
Organização escolar
A escola precisa estar disposta a reconstruir-se para vivenciar a experiência do professor cuidante. A nova organização deve favorecer os encontros de socialização e de avaliação coletiva do trabalho escolar. Periodicamente todos devem reunir-se para verificar o rendimento escolar, as dificuldades/melhorias no trabalho, as sugestões, a situação dos educandos com dificuldades de relacionamento ou de aprendizagem, as atividades para promover a melhora progressiva do ensino e da formação pessoal de todos da comunidade escolar, em especial dos educandos.
Pela importância do acompanhamento do trabalho escolar e suas repercussões na aprendizagem, sugere-se que tais encontros sejam bimestrais e previstos no calendário escolar. Estes encontros servirão para consolidar opiniões e orientar decisões sobre o desempenho dos alunos e o fazer dos servidores da escola (professores, funcionários, gestores, técnicos, etc), além das condições para a realização das atividades educativas e administrativas. Sugere-se que o tempo do encontro tenha duração de duas horas, possibilitando que os educadores envolvidos (professor, orientador, merendeiro, etc.) possam participar de até duas reuniões no mesmo turno.
Dependendo da quantidade de turmas, a escola pode programar um tempo para poder contar com a presença dos docentes da turma, da administração e da comunidade (pais, por exemplo). Nesse período podem ser realizadas atividades que não necessitem da presença permanente do professor. Pode-se também realizar atividades curriculares com docentes que não estejam envolvidos na reunião. Essas atividades devem ser programadas e planejadas com a antecedência necessária para evitar improvisações e deve contar, sempre que possível, com a participação dos alunos.
Escolha e atribuição do Professor Cuidante
O professor cuidante é um professor da turma, escolhido entre os demais da turma com atribuição de inteirar-se da realidade socioeconômica dos alunos, seus rendimentos escolares, suas relações com os colegas, servidores da escola, com a família, amigos, conhecidos e desconhecidos.
Como complementação da atribuição cabe-lhe a construção do perfil da turma, a realização de análises e sínteses, assim como a indicação de problemas que estão dificultando a evolução individual ou coletiva na turma.
A escolha ocorrerá no início do ano letivo e o trabalho se desenvolverá até a conclusão deste. A escola priorizará o rodízio promovendo a participação de todos os docentes na função de professor cuidante. Os casos especiais serão resolvidos pelo colegiado docente da turma.
Professora das séries iniciais
No caso das séries iniciais a professora da turma assumirá a tarefa do professor cuidante, devendo a gestão estadual ou municipal assegurar um número razoável de alunos na turma para que o trabalho seja possível, dando resultado positivo. A Lei Estadual amapaense nº 949, de 23 de dezembro de 2005, determina no art. 4º, inciso II, alínea “c”, um número máximo de 25 alunos em cada turma. A qualidade do ensino não é só responsabilidade do professor ou da escola, mas de todos os que elaboram e executam as políticas educacionais. Assim, o governador, o prefeito, o secretário de educação, também são responsáveis, inclusive com maiores responsabilidades político-administrativas, para assegurar um sistema de ensino em condições adequadas para uma boa aprendizagem.
Avaliação do projeto
Anualmente o projeto será avaliado para verificação dos resultados, para ajustes e correções necessárias ao alcance dos objetivos nele propostos. Os resultados obtidos e as experiências vivenciadas na execução do projeto fornecerão as indicações e os elementos para a reflexão avaliativa e a tomada de decisões.
Apêndice
“Reflexão acerca do Projeto Professor Cuidante
Pensando na repercussão sobre a pessoa do professor cuidante, a vivência no projeto será enriquecedora na medida em que possibilitará uma aprendizagem sobre os fatores externos – da família e da comunidade – que interferem no ensino e na aprendizagem dos alunos. Essa vivência produzirá novos entendimentos e aguçará sensibilidades que podem tornar o professor mais compreensivo e solidário nas relações escolares e comunitárias. É uma especialização de alto nível, que enriquece o trabalho docente e o crescimento profissional e pessoal. Além disso, possibilita uma melhoria na qualidade do trabalho escolar, pois ao entrelaçar essa dimensão - a realidade socioafetiva do educando e o novo olhar docente sobre essa realidade – com a dimensão cognitiva, tenderá a potencializar os resultados positivos do ensino escolar.
O aluno, por sua vez, perceberá que a escola estará atenta e articulada com a família, com a comunidade e com o conjunto dos servidores da instituição, numa atitude cuidante, para dar-lhe um ensino-educação de qualidade, ajudando-o na promoção das condições necessárias ao seu pleno desenvolvimento. Esse novo modo de desenvolver o ensino na escola certamente sensibilizará alunos, pais e comunidade, tendendo a se estabelecer relações mais afetuosas e colaborativas entre família, escola, educadores e educandos.
Macapá, 20 de dezembro de 2013.

Antonio Eugênio Furtado Corrêa.



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