“Educação
dos Sentidos e mais...”, de Rubem Alves, editora Versus.
“Nossa inteligência se
desenvolveu para compensar nossa incompetência corporal. Inventou melhorias
para o corpo: porretes, pilões, facas, flechas, redes, barcos, bicicletas,
casas... É isso que são as ferramentas: meios para se viver. Ferramentas
aumentam a nossa força, nos dão poder... O homem tem poder de transformar o
mundo num paraíso ou num deserto... A ciência é, ao mesmo tempo, uma enorme
caixa de ferramentas e, mais importante que suas ferramentas, um saber de como
se fazem as ferramentas. O uso das ferramentas científicas que já existem pode
ser ensinado. Mas a arte de construir ferramentas novas, para isso há de se
saber pensar. A arte de pensar é a ponte para o desconhecido” (p. 10-11).
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As ferramentas são “meios de vida,
necessárias para a sobrevivência... As ferramentas não dão razões para viver.
Elas só servem como chaves para abrir” a dimensão do fruir, a dimensão do amor
– “coisas que não são utilizadas, que não são ferramentas, que não servem para
nada”. As coisas do amor “não são úteis; são inúteis. Porque não são para serem
usadas, mas para serem gozadas”. São brinquedos (p. 14-15).
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“Os saberes que se ensinam em nossas
escolas são ferramentas? Tornam os alunos mais competentes para executar as
tarefas práticas do cotidiano? E eles, alunos, aprendem a ver os objetos do
mundo como se fossem brinquedos? Têm mais alegria? Infelizmente não há
avaliações de múltipla escolha para se medir alegria...” (p. 16).
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“A forma como as ferramentas são aprendidas
é muito simples. Tudo começa com o sonho. O corpo sonha... O sonho dá ordens à
inteligência. Se o sonho não existe, é inútil dar ordem à inteligência. Ela não
obedece... Se não há desejo, é inútil que a cabeça lhe dê ordens... A
inteligência jamais procura a emoção. È a emoção que procura a inteligência. É
a emoção que deseja ser eficaz para realizar o sonho” (p. 19-20).
