30 de março de 2014
O GOLPE E OS GOLPISTAS DE 1964
DEMOCRACIA, LIBERDADE, GOVERNO ELEITO ... DESDE QUE SEJA PRÓ-NORTE AMERICANO!
Hoje os historiadores também
sabem que a chamada operação Brother Sam – o envio de uma força naval composta
de petroleiros, destróieres e o prestigioso porta-aviões USS Forrestal para a
costa brasileira – foi planejada durante o governo Kennedy e executada no
período de seu sucessor, Lyndon B. Johnson.
A frota levaria combustíveis,
armamentos e gases para controle de multidão para reforçar o arsenal das forças
anti-Goulart.
'Cara de legitimidade'
Durante anos, o regime militar
brasileiro e o governo americano sustentaram a versão de que os Estados Unidos
apenas reconheceram um golpe "made in Brazil", sem interferência dos
grande vizinho do norte. Quando a operação Brother Sam veio à tona, Gordon
afirmou que se tratava apenas de demonstração de força.
Porém, no plano de contingência
obtido pelo professor Carlos Fico, o embaixador previra que os Estados Unidos
poderiam apoiar os conspiradores "de forma encoberta ou mesmo aberta, particularmente
(apoio) logístico (gasolina, óleos e lubrificantes, alimentos, armas e
munição)".
"A ideia era fazer uma
espécie de ponte aérea entre o porta-aviões e uma região de São Paulo para a
entrega dessas munições e armas. Como é que iriam fazer isso essa entrega sem
desembarcar?", questiona o professor. "Seria impossível."
Ao mesmo tempo, os documentos
indicam que o embaixador americano se preocupava com a "cara de
legitimidade" que permitiria ao governo americano reconhecer o novo regime
no Brasil.
Em um telegrama enviado na
tarde de 31 de março, por exemplo – disponível nos Arquivos Nacionais
americanos –, Lincoln Gordon informa o Departamento de Estado sobre
"movimentos militares em Minas Gerais totalmente apoiados pelo governador
Magalhães Pinto".
"Tomei ação de repassar
aos principais governadores a mensagem sobre (a) importância vital (de) cores
de legimitidade", afirma o embaixador.
"Meus intermediários estão
se informando sobre como (o) grupo de governadores propõe lidar com (a) questão
crítica (do) manto de legitimidade e (a) posição enquanto defensores da
constituição (...) se não houver apoio do Congresso."
A pesquisa de Carlos Fico
revelou uma singular semelhança entre as ações ocorridas em Minas e o cenário
que o governo americano considerava mais "desejável".
Pouco antes do golpe, Magalhães
Pinto nomeara um secretariado especial, "como se fosse um
ministério", e designou inclusive uma espécie de "chanceler",
Afonso Arinos, "para obter no exterior o reconhecimento do governo
alternativo", disse Fico à BBC Brasil.
Correspondendo-se com
Washington em dezembro de 1963, Gordon avalia que "se uma parte
significativa do território nacional ficasse em poder de forças democráticas, a
formação de um governo provisório para requisitar ajuda seria altamente
desejável".
"Ora, as ações de
Magalhães Pinto são exatamente o que estava previsto no plano de contingência
americano", raciociona o historiador. "Eu não tenho dúvida de que no
futuro, à medida que os documentos sejam liberados, essa articulação (dos
Estados Unidos) com Magalhães Pinto aparecerá."
Postado por Eugenio Correa.
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